PIX Parcelado amplia alternativas de crédito, com custo alto e risco de inadimplência; entenda

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23 de setembro de 2025

PIX Parcelado amplia alternativas de crédito, com custo alto e risco de inadimplência; entenda

A modalidade será regulada pelo BC, mas preocupa especialistas e entidades, que alertam para a falta de transparência e o risco de endividamento entre a população de baixa renda.

O Banco Central deve anunciar até o fim deste mês a regulamentação do chamado PIX Parcelado. A funcionalidade, que já é oferecida por bancos e fintechs de forma independente, passará a seguir regras mais claras para padronizar o serviço, aumentar a transparência e estimular o uso consciente desse tipo de crédito.

De acordo com o BC, a novidade deve ampliar o uso do PIX no comércio, principalmente em compras de maior valor, permitindo que o comerciante receba o valor integral e à vista da venda. Além disso, pode vir a ser uma alternativa para um público de 60 milhões de brasileiros que hoje não têm acesso ao cartão de crédito.

Só que diferentemente da inclusão bancária promovida pelo próprio PIX, a modalidade de pagamentos parcelados será voltada para quem já possui vínculo com instituições financeiras e conta com linhas de crédito pré-aprovadas.

“O PIX Parcelado vai ser utilizado por quem é bancarizado. Essa pessoa já tem uma linha de crédito disponível para ele, e vai poder utilizar essa linha e parcelar os pagamentos utilizando o PIX”, afirma Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços e Segurança da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

 Para conseguir crédito no banco, não basta ter uma conta ativa: é preciso mostrar que se tem um bom histórico financeiro. Um dos critérios usados pelas instituições é o score de crédito, que indica se a pessoa costuma pagar suas contas em dia e manter o nome limpo. Os bancos também avaliam o tempo de relacionamento com o cliente, como ele movimenta a conta e qual é sua renda.
Segundo a Febraban, desde que o PIX foi lançado, cerca de 70 milhões de pessoas passaram a usar serviços financeiros. Hoje, ele responde como o principal método de transferência entre os brasileiros, com resultados muito superiores aos seus concorrentes.

-Somente no segundo trimestre de 2025, o BC contabilizou 19,3 bilhões pagamentos via PIX;
-O número é 53,5% superior ao total de transações com cartões (crédito, débito e pré-pago), que somaram 12,6 bilhões no período; e 335% acima das cobranças por boleto, convênio e débito direto, que totalizaram 4,4 bilhões.

Mesmo assim, o Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) demonstrou preocupação com a inclusão do PIX Parcelado na chamada “agenda evolutiva” do BC. Em nota, afirmou que a modalidade funciona como um tipo de crédito com juros, taxas e contratos pouco claros, o que pode comprometer a confiança dos usuários no sistema.

Para a associação, o consumidor pode ser levado a pensar que está apenas fazendo uma transferência parcelada, quando na verdade está contratando um empréstimo e assumindo uma dívida com termos que nem sempre são bem explicados.

“O PIX nasceu como uma política pública de democratização dos pagamentos. Transformá-lo em um canal de crédito pouco regulado é colocar em risco essa conquista”, alerta o Idec.


Custo do parcelamento, não do PIX
Ao não fazer parte das funções originais do sistema, o parcelamento funciona como uma forma de crédito oferecida pelos bancos, por meio do cartão ou empréstimo pessoal. Embora o uso do PIX seja gratuito, a instituição pode cobrar juros e estabelecer outras condições para a modalidade.

Marcelo Sá, diretor de Negócios do Braza Bank — uma das instituições que viabilizam o “PIX Internacional”, também disponível com parcelamento —, destaca que o custo da operação é um ponto que precisa ser esclarecido pela regulação do BC, já que os bancos envolvidos assumem o risco de crédito e precisam ser remunerados por isso.

Segundo ele, entre as alternativas está a cobrança de uma taxa por transação ("fee transacional") ou o repasse de juros diretamente ao consumidor. Neste último caso, Sá afirma que o PIX Parcelado pode se tornar menos atrativo em comparação ao cartão de crédito, que costuma ser apresentado ao consumidor como uma opção sem juros.

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Fonte: g1.globo.com